A agricultura biológica não pode ser aplicada a grandes explorações e por isso não é eficiente.
Os defensores da agricultura industrial defendem que os seus métodos tornam a produção de alimentos mais eficiente. Consideram que as explorações maiores, com monoculturas, com uso intensivo de maquinaria e produtos químicos de síntese tornam a agricultura mais eficiente.
No entanto, os estudos demonstram claramente que as pequenas explorações, as formas mais tradiconais de agricultura e a policultura são de facto muito mais eficientes.
Quanto maior for a exploração, maior é o custo de produção por unidade, pois os custos com maquinaria, fertilizantes e protecção química das culturas aumentam consideravelmente. Nestas explorações verifica-se a necessidade de cada vez maiores quantidades de fertilizantes e pesticidas para se manter o mesmo nível de produtividade, e mais ainda para o aumentar.
Os defensores da agricultura industrial defendem que os seus métodos tornam a produção de alimentos mais eficiente. Consideram que as explorações maiores, com monoculturas, com uso intensivo de maquinaria e produtos químicos de síntese tornam a agricultura mais eficiente.
No entanto, os estudos demonstram claramente que as pequenas explorações, as formas mais tradiconais de agricultura e a policultura são de facto muito mais eficientes.
Quanto maior for a exploração, maior é o custo de produção por unidade, pois os custos com maquinaria, fertilizantes e protecção química das culturas aumentam consideravelmente. Nestas explorações verifica-se a necessidade de cada vez maiores quantidades de fertilizantes e pesticidas para se manter o mesmo nível de produtividade, e mais ainda para o aumentar.
Na base da discussão sobre quais os métodos agrícolas mais eficientes, está a utilização errada da produtividade como indicador da eficiência de uma exploração. Os defensores da agricultura industrial, usam os dados de produtividade das explorações para demonstrarem a sua eficiência, ou seja, a quantidade de alimento produzida por hectare. No entanto esta abordagem é errada, pois a eficiência de uma exploração deve representar um balanço entre os inputs e os outputs, ou seja, um balanço entre o que é necessário gastar para se ter aquilo que se produz e não exclusivamente pelo resultado final.
Vários estudos já demonstraram que a agricultura tradicional era bem mais eficiente que a agricultura intensiva e mecanizada de hoje em dia, pois apesar de ser menos produtiva por hectare, as suas necessidades de inputs eram quase nulas e por isso os seus custos eram muitíssimo mais baixos.
Um estudo recente, publicado na revista Science, demonstrou que
, para várias culturas, a agricultura biológica produz em média menos 20% que a agricultura convencional (outros estudos apontam para menos 10 a 15% de produtividade global da agricultura biológica), no entanto ela necessita de muito menos inputs – 90% menos produtos químicos e 50% menos energia - sendo por isso muito mais eficiente que a agricultura convencional. Ou seja, com muitíssimo menos pode produzir quase o mesmo.
Segundo um outro estudo, do governo norte-americano, as explorações mais pequenas (até 27 ha), são 10 vezes mais produtivas que as grandes explorações (com 6000 ha ou mais) e as explorações ainda mais pequenas (até 4 ha), podem ser 100 vezes mais produtivas.
Portanto, explorações pequenas, com policultura e métodos de agricultura biológica, são de facto a forma mais eficiente de produzir alimentos e alimentar o máximo de pessoas.
A agricultura biológica é mais cara e os seus produtos são mais caros.
Existe o mito de que os alimentos produzidos pela agricultura convencional são os mais baratos e que se só produzíssemos de forma biológica, os produtos se tornariam proibitivamente caros.
Mas, mais uma vez, isto é o que parece à superfície, porque os preços dos alimentos que compramos não incluem muitos outros custos escondidos que acabamos por pagar indirectamente, por exemplo, através dos impostos e das despesas médicas. A agricultura convencional tem custos ambientais, de saúde e sociais elevadíssimos, que não aparecem nas estiquetas com o preço dos seus produtos, mas que todos nós pagamos e cujas consequências sofremos.
A agricultura biológica não só não contribui para essas despesas escondidas, como pelo contrário contribui para acabar com elas, ao não degradar o ambiente e a saúde humana e ao trazer justiça e equilíbrio à sociedade. Ao comprarmos produtos biológicos, estamos a apoiar um mundo melhor.
Vários factores contribuem para o encarecimento destes produtos:
- a agricultura biológica necessita de mais mão-de-obra;
- os adubos e outros produtos, os equipamentos e as máquinas agrícolas e os produtos alimentares biológicos, precisam de ser certificados, o que acarreta grandes custos para o agricultor;
- as dificuldades de distribuição, por haver poucos agricultores e estarem dispersos por todo o país, encarecem os custos de transporte;
- a obrigação de embalamento dos produtos biológicos, vendidos lado a lado de produtos convencionais em grandes superfícies, para evitar contaminação ou fraude, encarecem muito os produtos.
Com o crescimento da agricultura biológica - quer em termos de oferta, quer em termos de procura - alguns destes custos serão reduzidos ou mesmo extintos, o que implicará uma redução do preço dos produtos biológicos. Mas para isso acontecer, a agricultura biológica precisa do apoio dos consumidores e da iniciativa dos agricultores.
A agricultura biológica é uma coisa de ricos e não serve para alimentar as pessoas pobres.
Ao contrário do que muitas pessoas vulgarmente pensam, a agricultura biológica não é “coisa de ricos”.
A cada dia que passa, aumenta o número de pessoas com fome, o que é estranho num mundo pós-“Revolução Verde”, em que há muito tempo a escassez de alimentos se tornou algo do passado. A agricultura industrial já permite que por ano sejam produzidas quantidades de trigo, arroz e outros cereais suficientes para fornecer a cada habitante do planeta cerca de 3500 calorias por dia. Segundo outros dados, é produzida comida suficiente para dar diariamente a cada pessoa, cerca de 1,25 kg de cereais, leguminosas e frutos secos, 500 gs de frutos e vegetais e cerca de 500 gs de carne, leite e ovos.
O problema portanto não é a falta de alimentos, pois estes até existem em excesso, mas sim a distribuição desigual de dinheiro, de terras e dos alimentos.
Cada vez mais os países desenvolvidos compram as terras mais férteis dos países em desenvolvimento ou incentivam o cultivo de produtos para alimentar os seus mercados nessas terras, levando milhões de pequenos agricultores a deixarem as suas terras ou a produzirem bens alimentares para exportação. As culturas para consumo das populações locais são relegadas para as terras menos férteis, resultando em colheitas inferiores e aumento da fome.
Algumas pessoas pensam que só os países ricos têm excedentes que devem ser dados aos países pobres. Mas a verdade é que muitos desses países pobres, também têm excedentes alimentares. Um exemplo é o Brasil, onde milhões de pessoas passam fome e sofrem de deficiência proteica, apesar deste país ser um dos maiores produtores mundiais de soja, um alimento proteico de elevado valor, que é dado ao gado que depois é exportado para os países ricos.
O problema está na pobreza, cujas raízes assentam na organização social e nas regras do mercado. Não é a falta de alimentos que deve ser combatida, mas sim a pobreza.
Nos casos pontuais em que o problema é mesmo a falta de alimentos - por exemplo, devido a catástrofes naturais, guerras e crises políticas - os países ricos devem ajudar os mais pobres através de ajuda alimentar, mas sempre que possível, devem ajudá-los a ultrapassar os seus problemas e a tornarem-se auto-suficientes em termos alimentares. Mantê-los dependentes de ajudas alimentares é apenas mais uma forma de prolongar os seus problemas.
A auto-suficiência alimentar deve ser a prioridade no combate à fome e isso implica que haja a redistribuição de terras, o incentivo à produção para a própria família ou comunidade e a utilização de métodos agrícolas baratos e sustentáveis.
Os países desenvolvidos têm tentado exportar o modelo de agricultura intensiva para os países em desenvolvimento e, mais recentemente, têm tentado também exportar a agricultura com OGM. Usam essa iniciativa como demonstração de que estão genuinamente interessados em ajudar os países em desenvolvimento a desenvolverem-se, mas o que os move na grande maioria dos casos, é a perspectiva de expansão do seu próprio mercado de maquinaria pesada, de agroquímicos e de sementes geneticamente modificadas. Escusado será dizer que essa não é a solução que estes países precisam, porque isto só os torna mais dependentes dos países desenvolvidos e da sua tecnologia, endividando-os e escravizando-os cada vez mais.
A agricultura biológica, que se baseia em práticas tradicionais e as melhora com tecnologias simples, baratas e acessíveis, é bastante mais adequada para melhorar a autonomia e reduzir a vulnerabilidade dos agricultores dos países em desenvolvimento. Nalgumas terras onde os agricultores tradicionais de países pobres passaram a praticar agricultura biológica, registaram-se casos de aumento de 400% da produtividade.
A agricultura biológica não poderá alimentar a população mundial no futuro.
A produtividade da agricultura biológica não pode ser comparada à produtividade da agricultura convencional de forma simplista, através de médias. A produtividade da agricultura biológica varia muito consoante a cultura e se nalguns casos pode chegar a ser 50% inferior à da agricultura convencional, na maioria dos casos consegue ter produtividades próximas e nalguns casos tem mesmo uma produtividade superior à da agricultura convencional. Vários estudos no Canadá, Estados Unidos e Austrália, registaram uma produtividade 10 a 20% menor nalguns casos, mas semelhante ou superior em muitos outros. Na Europa, as produtividades dos sistemas biológicos ronda os 60-80% das dos sistemas convencionais.
Além disso, a produtividade agrícola tem sido demasiado sobre-valorizada. Hoje em dia, o mais importante quando se pretende avaliar a eficácia de um sistema agrícola, é a sua eficiência e não a sua produtividade bruta. Hoje em dia, não podemos mais viver obcecados com produzir o máximo possível. É preciso pensar em produzir o máximo possível sim, mas consumindo o mínimo de recursos, como a água, a energia e outros factores de produção. Um estudo recente, publicado na revista Science (já referido anteriormente), demonstrou que em média a agricultura biológica produz menos 20% que a agricultura convencional (outros estudos apontam para 10 a 15%), no entanto ela necessita de muito menos inputs – 90% menos produtos químicos e 50% menos energia - sendo por isso muito mais eficiente que a agricultura convencional.
Mas a discussão prolonga-se, pois se já foram realizadas várias demonstrações de que a agricultura biológica pode alimentar a população humana que hoje habita o planeta, muita gente questiona-se se ela poderá alimentar a população humana que o planeta albergará daqui a várias décadas. É difícil saber ao certo se poderá ou não, mas a questão é igualmente pertinente dirigida à agricultura convencional. Será ela capaz de alimentar todas essas pessoas no futuro, tendo em conta que está a causar uma degradação acelerada dos solos, do ar e da água, a destruir precisamente aquilo de que necessita para se perpetuar? A cada dia que passa, a agricultura convencional está a destruir e a inutilizar vastas extensões de terras outrora férteis, que demorarão séculos ou milénios a recuperar. Que legitimidade tem este modelo agrícola para prometer conseguir alimentar a humanidade, quando é ele mesmo que está a pôr em causa a possibilidade futura de produzir alimentos? A obsessão de produzir mais a qualquer custo não é sustentável e a longo prazo o que vai alimentar a humanidade é a sustentabilidade máxima e não a produtividade máxima.
BibliografiaMäder P., Flieβbach A., Dubois D., Gunst L.; Fried P., Niggli U.; “Soil Fertility and Biodiversity in Organic Farming” in Science, Vol 296, 31 Maio 2002, págs 1694-1697
Silguy C.; “Introdução à Agricultura Biológica – Fundamentos e Realidades”; Publicações Europa-América; Mem-Martins; Portugal; Maio 2004
Stockdale E.A. Lampkin N.H., Hovi H., Keatinge R., Lennartsson E.K.M., MacDonald W., Padel S., Tattersall F.H., Wolfe M.S., Watson C.A.; “Agronomic and Enviromental Implications of Organic Farming Systems” in Advances in Agronomy, Vol 70 (2001), págs 261-327
Visscher M.; “Myths about Industrial Agriculture” in ODE Magazine, vol 4
“A Revolução da Agricultura Verde – a Agricultura Biológica em Portugal e no Mundo” in Ozono – Revista de Ecologia, Sociedade e Conservação da Natureza, Número 1, Outubro de 2000, págs 40-43
FONTE: http://www.biohorta.com