25 de julho de 2011

Mitos sobre a Agricultura Biológica, Parte II

A agricultura biológica não pode ser aplicada a grandes explorações e por isso não é eficiente.
 Os defensores da agricultura industrial defendem que os seus métodos tornam a produção de alimentos mais eficiente. Consideram que as explorações maiores, com monoculturas, com uso intensivo de maquinaria e produtos químicos de síntese tornam a agricultura mais eficiente. 
No entanto, os estudos demonstram claramente que as pequenas explorações, as formas mais tradiconais de agricultura e a policultura são de facto muito mais eficientes.
Quanto maior for a exploração, maior é o custo de produção por unidade, pois os custos com maquinaria, fertilizantes e protecção química das culturas aumentam consideravelmente. Nestas explorações verifica-se a necessidade de cada vez maiores quantidades de fertilizantes e pesticidas para se manter o mesmo nível de produtividade, e mais ainda para o aumentar.

Na base da discussão sobre quais os métodos agrícolas mais eficientes, está a utilização errada da produtividade como indicador da eficiência de uma exploração. Os defensores da agricultura industrial, usam os dados de produtividade das explorações para demonstrarem a sua eficiência, ou seja, a quantidade de alimento produzida por hectare. No entanto esta abordagem é errada, pois a eficiência de uma exploração deve representar um balanço entre os inputs e os outputs, ou seja, um balanço entre o que é necessário gastar para se ter aquilo que se produz e não exclusivamente pelo resultado final.
Vários estudos já demonstraram que a agricultura tradicional era bem mais 
eficiente que a agricultura intensiva e mecanizada de hoje em dia, pois apesar de ser menos produtiva por hectare, as suas necessidades de inputs eram quase nulas e por isso os seus custos eram muitíssimo mais baixos.
Um estudo recente, publicado na revista Science, demonstrou que
, para várias culturas, a agricultura biológica produz em média menos 20% que a agricultura convencional (outros estudos apontam para menos 10 a 15% de produtividade global da agricultura biológica), no entanto ela necessita de muito menos inputs – 90% menos produtos químicos e 50% menos energia - sendo por isso muito mais eficiente que a agricultura convencional. Ou seja, com muitíssimo menos pode produzir quase o mesmo.
Segundo um outro estudo, do governo norte-americano, as explorações mais pequenas (até 27 ha), são 10 vezes mais produtivas que as grandes explorações (com 6000 ha ou mais) e as explorações ainda mais pequenas (até 4 ha), podem ser 100 vezes mais produtivas.
Portanto, explorações pequenas, com policultura e métodos de agricultura biológica, são de facto a forma mais eficiente de produzir alimentos e alimentar o máximo de pessoas.


A agricultura biológica é mais cara e os seus produtos são mais caros.
É verdade que os produtos biológicos são mais caros, mas não são assim tão mais caros. O seu preço varia muito consoante o local de venda. Nos hipermercados, os preços são de facto proibitivos, mas apenas cerca de um terço desse dinheiro pago pelo consumidor chega ao produtor. Cerca de 50% do preço de um produto biológico à venda numa grande superfície, corresponde aos custos de embalamento e à margem de lucro da grande superfície. Mas comprando estes produtos directamente ao produtor, em mercados, feiras e cooperativas, é muito fácil encontrar preços bastante mais razoáveis e muito dificilmente custando mais do que 20% do preço dos correspondentes produtos convencionais. Há realmente alguns produtos que, pela dificuldade na sua produção ou pela escassa quantidade que é produzida, atingem preços muito elevados, mas há também casos de produtos biológicos a preços inferiores aos produtos convencionais correspondentes. É uma questão de saber procurar e saber escolher. No entanto, é possível comprar produtos biológicos, sem que as despesas com alimentação sejam muito mais elevadas que aquilo que se está habituado a pagar. E porque não comprar alguns produtos de agricultura biológica no meio de outros convencionais? Não é preciso ficar nos extremos e se houver limitações no orçamento, também não serão alguns produtos biológicos que irão arruinar a economia familiar.
Existe o mito de que os alimentos produzidos pela agricultura convencional são os mais baratos e que se só produzíssemos de forma biológica, os produtos se tornariam proibitivamente caros.
Mas, mais uma vez, isto é o que parece à superfície, porque os preços dos alimentos que compramos não incluem muitos outros custos escondidos que acabamos por pagar indirectamente, por exemplo, através dos impostos e das despesas médicas. A agricultura convencional tem custos ambientais, de saúde e sociais elevadíssimos, que não aparecem nas estiquetas com o preço dos seus produtos, mas que todos nós pagamos e cujas consequências sofremos.
A agricultura biológica não só não contribui para essas despesas escondidas, como pelo contrário contribui para acabar com elas, ao não degradar o ambiente e a saúde humana e ao trazer justiça e equilíbrio à sociedade. Ao comprarmos produtos biológicos, estamos a apoiar um mundo melhor. 
Vários factores contribuem para o encarecimento destes produtos:
- a agricultura biológica necessita de mais mão-de-obra;
- os adubos e outros produtos, os equipamentos e as máquinas agrícolas e os produtos alimentares biológicos, precisam de ser certificados, o que acarreta grandes custos para o agricultor;
- as dificuldades de distribuição, por haver poucos agricultores e estarem dispersos por todo o país, encarecem os custos de transporte;
- a obrigação de embalamento dos produtos biológicos, vendidos lado a lado de produtos convencionais em grandes superfícies, para evitar contaminação ou fraude, encarecem muito os produtos.
Com o crescimento da agricultura biológica - quer em termos de oferta, quer em termos de procura - alguns destes custos serão reduzidos ou mesmo extintos, o que implicará uma redução do preço dos produtos biológicos. Mas para isso acontecer, a agricultura biológica precisa do apoio dos consumidores e da iniciativa dos agricultores.


A agricultura biológica é uma coisa de ricos e não serve para alimentar as pessoas pobres.
Ao contrário do que muitas pessoas vulgarmente pensam, a agricultura biológica não é “coisa de ricos”. 
A cada dia que passa, aumenta o número de pessoas com fome, o que é estranho num mundo pós-“Revolução Verde”, em que há muito tempo a escassez de alimentos se tornou algo do passado. A agricultura industrial já permite que por ano sejam produzidas quantidades de trigo, arroz e outros cereais suficientes para fornecer a cada habitante do planeta cerca de 3500 calorias por dia. Segundo outros dados, é produzida comida suficiente para dar diariamente a cada pessoa, cerca de 1,25 kg de cereais, leguminosas e frutos secos, 500 gs de frutos e vegetais e cerca de 500 gs de carne, leite e ovos. 
O problema portanto não é a falta de alimentos, pois estes até existem em excesso, mas sim a distribuição desigual de dinheiro, de terras e dos alimentos.
Cada vez mais os países desenvolvidos compram as terras mais férteis dos países em desenvolvimento ou incentivam o cultivo de produtos para alimentar os seus mercados nessas terras, levando milhões de pequenos agricultores a deixarem as suas terras ou a produzirem bens alimentares para exportação. As culturas para consumo das populações locais são relegadas para as terras menos férteis, resultando em colheitas inferiores e aumento da fome.
Algumas pessoas pensam que só os países ricos têm excedentes que devem ser dados aos países pobres. Mas a verdade é que muitos desses países pobres, também têm excedentes alimentares. Um exemplo é o Brasil, onde milhões de pessoas passam fome e sofrem de deficiência proteica, apesar deste país ser um dos maiores produtores mundiais de soja, um alimento proteico de elevado valor, que é dado ao gado que depois é exportado para os países ricos. 
O problema está na pobreza, cujas raízes assentam na organização social e nas regras do mercado. Não é a falta de alimentos que deve ser combatida, mas sim a pobreza.  
Nos casos pontuais em que o problema é mesmo a falta de alimentos - por exemplo, devido a catástrofes naturais, guerras e crises políticas -  os países ricos devem ajudar os mais pobres através de ajuda alimentar, mas sempre que possível, devem ajudá-los a ultrapassar os seus problemas e a tornarem-se auto-suficientes em termos alimentares. Mantê-los dependentes de ajudas alimentares é apenas mais uma forma de prolongar os seus problemas.
A auto-suficiência alimentar deve ser a prioridade no combate à fome e isso implica que haja a redistribuição de terras, o incentivo à produção para a própria família ou comunidade e a utilização de métodos agrícolas baratos e sustentáveis.
Os países desenvolvidos têm tentado exportar o modelo de agricultura intensiva para os países em desenvolvimento e, mais recentemente, têm tentado também exportar a agricultura com OGM. Usam essa iniciativa como demonstração de que estão genuinamente interessados em ajudar os países em desenvolvimento a desenvolverem-se, mas o que os move na grande maioria dos casos, é a perspectiva de expansão do seu próprio mercado de maquinaria pesada, de agroquímicos e de sementes geneticamente modificadas. Escusado será dizer que essa não é a solução que estes países precisam, porque isto só os torna mais dependentes dos países desenvolvidos e da sua tecnologia, endividando-os e escravizando-os cada vez mais. 
A agricultura biológica, que se baseia em práticas tradicionais e as melhora com tecnologias simples, baratas e acessíveis, é bastante mais adequada para melhorar a autonomia e reduzir a vulnerabilidade dos agricultores dos países em desenvolvimento. Nalgumas terras onde os agricultores tradicionais de países pobres passaram a praticar agricultura biológica, registaram-se casos de aumento de 400% da produtividade.


A agricultura biológica não poderá alimentar a população mundial no futuro.
 A produtividade da agricultura biológica não pode ser comparada à produtividade da agricultura convencional de forma simplista, através de médias. A produtividade da agricultura biológica varia muito consoante a cultura e se nalguns casos pode chegar a ser 50% inferior à da agricultura convencional, na maioria dos casos consegue ter produtividades próximas e nalguns casos tem mesmo uma produtividade superior à da agricultura convencional. Vários estudos no Canadá, Estados Unidos e Austrália, registaram uma produtividade 10 a 20% menor nalguns casos, mas semelhante ou superior em muitos outros. Na Europa, as produtividades dos sistemas biológicos ronda os 60-80% das dos sistemas convencionais.
Além disso, a produtividade agrícola tem sido demasiado sobre-valorizada. Hoje em dia, o mais importante quando se pretende avaliar a eficácia de um sistema agrícola, é a sua eficiência e não a sua produtividade bruta. Hoje em dia, não podemos mais viver obcecados com produzir o máximo possível. É preciso pensar em produzir o máximo possível sim, mas consumindo o mínimo de recursos, como a água, a energia e outros factores de produção. Um estudo recente, publicado na revista Science (já referido anteriormente), demonstrou que em média a agricultura biológica produz menos 20% que a agricultura convencional (outros estudos apontam para 10 a 15%), no entanto ela necessita de muito menos inputs – 90% menos produtos químicos e 50% menos energia - sendo por isso muito mais eficiente que a agricultura convencional. 
Mas a discussão prolonga-se, pois se já foram realizadas várias demonstrações de que a agricultura biológica pode alimentar a população humana que hoje habita o planeta, muita gente questiona-se se ela poderá alimentar a população humana que o planeta albergará daqui a várias décadas. É difícil saber ao certo se poderá ou não, mas a questão é igualmente pertinente dirigida à agricultura convencional. Será ela capaz de alimentar todas essas pessoas no futuro, tendo em conta que está a causar uma degradação acelerada dos solos, do ar e da água, a destruir precisamente aquilo de que necessita para se perpetuar? A cada dia que passa, a agricultura convencional está a destruir e a inutilizar vastas extensões de terras outrora férteis, que demorarão séculos ou milénios a recuperar. Que legitimidade tem este modelo agrícola para prometer conseguir alimentar a humanidade, quando é ele mesmo que está a pôr em causa a possibilidade futura de produzir alimentos? A obsessão de produzir mais a qualquer custo não é sustentável e a longo prazo o que vai alimentar a humanidade é a sustentabilidade máxima e não a produtividade máxima.




BibliografiaMäder P., Flieβbach A., Dubois D., Gunst L.; Fried P., Niggli U.; “Soil Fertility and Biodiversity in Organic Farming” in Science, Vol 296, 31 Maio 2002, págs 1694-1697

Silguy C.; “Introdução à Agricultura Biológica – Fundamentos e Realidades”; Publicações Europa-América; Mem-Martins; Portugal; Maio 2004

Stockdale E.A. Lampkin N.H., Hovi H., Keatinge R., Lennartsson E.K.M., MacDonald W., Padel S., Tattersall F.H., Wolfe M.S., Watson C.A.; “Agronomic and Enviromental Implications of Organic Farming Systems” in Advances in Agronomy, Vol 70 (2001), págs 261-327

Visscher M.; “Myths about Industrial Agriculture” in ODE Magazine, vol 4

“A Revolução da Agricultura Verde – a Agricultura Biológica em Portugal e no Mundo” in Ozono – Revista de Ecologia, Sociedade e Conservação da Natureza, Número 1, Outubro de 2000, págs 40-43 





FONTE: http://www.biohorta.com

21 de julho de 2011

Mitos sobre a Agricultura Biológica, Parte I




A agricultura biológica é apenas a velha agricultura tradicional com um novo nome. É um retrocesso tecnológico e é defendida por quem receia a modernidade.

A agricultura biológica é diferente da agricultura tradicional feita pelos nossos avós. É uma agricultura moderna, nascida no século XX, em paralelo com a agricultura convencional ou industrial.
É verdade que faz uso de antigos métodos da agricultura tradicional, como a compostagem da matéria orgânica e o uso de adubos verdes, mas porque estes métodos foram extensamente estudados e validados cientificamente. Por outro lado, a agricultura biológica apoia e aplica técnicas inovadoras como a mobilização mínima do solo, as armadilhas com feromonas, insectos estéreis e estirpes de bactérias para combater pragas, preparados à base de extractos de plantas e minerais para combater doenças, máquinas agrícolas com baixo impacto ambiental, etc.

Igualar a agricultura biológica a uma recusa da modernidade e da evolução tecnológica é um perfeito disparate, pois ela é extremamente moderna e em muitos casos está na linha da frente no que diz respeito à evolução científica e tecnológica.

O que leva certas pessoas a acusarem a agricultura biológica de recear a tecnologia, é o facto da agricultura biológica não abraçar indiscriminadamente todas as novas tecnologias como o faz a agricultura convencional. A tecnologia no seu conjunto não é boa nem má, mas cada tipo de tecnologia em particular tem um certo número de vantagens e desvantagens, que devem ser tidas em consideração na sua avaliação. A agricultura biológica tem critérios que lhe permitem distinguir quais as tecnologias que servem os seus objectivos sem pôr em causa os seus princípios e por isso é selectiva quanto àquelas que adopta, optando por aquelas que se propõem a trabalhar em harmonia com a natureza e de acordo com as suas regras, ou que causem o mínimo de perturbação ou dano à natureza. A agricultura biológica apenas recusa as tecnologias que procuram dominar a natureza em vez de serem seus parceiros, pois estas destroem os equilíbrios dinâmicos da natureza e a médio e longo prazo não são sustentáveis.


Os agricultores biológicos não têm como combater as pragas e doenças e por isso ficam de braços cruzados quando as culturas são atacadas, perdendo grande parte das suas culturas.

É verdade que ainda existem muitas lacunas no conhecimento da protecção de certas culturas, que por vezes tornam difícil o combate a certas doenças e pragas só com recurso a métodos de luta biológicos. No entanto, isto também se verifica na agricultura convencional.
A agricultura biológica tem um vasto manancial de técnicas de prevenção e de tratamento, que permitem que as perdas por doenças e pragas não sejam muito diferentes das da agricultura convencional. Além disso, a agricultura biológica não está parada no tempo, está em permanente desenvolvimento e evolução, tal como a agricultura convencional. Por isso, tal como surgem todos os dias novos pesticidas para a agricultura convencional, também todos os dias surgem novos avanços científicos nos métodos biológicos de protecção das culturas. Infelizmente, o investimento por parte de estados e empresas na investigação dos métodos biológicos é muito pequeno quando comparado com o investimento na investigação de produtos químicos para a agricultura convencional, pelo que é normal que existam menos conhecimentos sobre protecção de culturas no campo da agricultura biológica. Se houver maior investimento, muito mais poderá ser descoberto e desenvolvido.

Como não usa pesticidas, os produtos da agricultura biológica estão contaminados por bactérias e fungos perigosos para a saúde humana.
De vez em quando surgem alertas de que os produtos biológicos poderão ser perigosos para a saúde humana. Os produtos biológicos já foram “acusados” de possuírem níveis elevados de nitratos, de metais pesados, de bactérias patogénicas e de micotoxinas (toxinas produzidas por fungos). No entanto, os estudos são inconclusivos, porque se uns apontam para uma maior concentração destes factores nos produtos biológicos, outros não encontram diferenças relativamente aos produtos convencionais e outros apontam precisamente para o contrário, que os produtos convencionais possuem esses factores perigosos em níveis mais elevados.
Até que a situação seja definitivamente clarificada, resta usar o nosso bom-senso.
Por exemplo, relativamente às micotoxinas: os detractores da agricultura biológica teorizam que por esta não usar fungicidas, propicia o desenvolvimento de fungos tóxicos nas culturas; já os seus defensores teorizam que, pelo facto da agricultura biológica fazer rotação de culturas e outras medidas que actuam preventivamente no aparecimento destas doenças, estas não chegam sequer a ser um problema como o são na agricultura convencional.
Relativamente às bactérias: os detractores da agricultura biológica teorizam que os produtos biológicos estão mais sujeitos à contaminação, por não receberem tratamentos químicos que as destruam e por se utilizarem estrumes na adubação das culturas; por outro lado, os seus defensores argumentam que os estrumes são compostados por vários meses, antes de serem aplicados nas culturas, processo que destrói as bactérias patogénicas e que o facto de não se usarem produtos químicos, garante o equilíbrio ecológico dos microrganismos, não permitindo a proliferação dos microrganismos patogénicos para o ser humano.
Contra-argumentação e raciocínios semelhantes podem ser feitos relativamente às outras questões levantadas.
Considerando ainda que os produtos industrializados:
- possuem cada vez menor riqueza nutricional e menor teor de factores protectores contra doenças, enfraquecendo-nos o organismo (ao contrário dos biológicos, que comprovadamente têm maior capacidade de proteger a nossa saúde);
- estão contaminados por pesticidas, hormonas, antibióticos e doenças graves transmissíveis ao homem (considerando também a pecuária), que estão entre os factores responsáveis pelo aumento exponencial de cancros e outras enfermidades mortais no ser humano (e que nenhum destes produtos tóxicos é usado na agricultura e pecuária biológicas);
- produzem grande poluição ambiental que acaba sempre por nos afectar, através do ar e da água que entra no nosso organismo (ao contrário da agricultura biológica, que contribui para uma melhoria significativa do meio ambiente).

Porque será que os defensores dos alimentos convencionais industrializados os classificam como seguros e acusam os produtos biológicos de serem uma ameaça mortal? Parece óbvio que esses alertas não são motivados por genuína preocupação com a saúde dos consumidores, mas por outro tipo de interesses.




Bibliografia
Mäder P., Flieβbach A., Dubois D., Gunst L.; Fried P., Niggli U.; “Soil Fertility and Biodiversity in Organic Farming” in Science, Vol 296, 31 Maio 2002, págs 1694-1697



Silguy C.; “Introdução à Agricultura Biológica – Fundamentos e Realidades”; Publicações Europa-América; Mem-Martins; Portugal; Maio 2004


Stockdale E.A. Lampkin N.H., Hovi H., Keatinge R., Lennartsson E.K.M., MacDonald W., Padel S., Tattersall F.H., Wolfe M.S., Watson C.A.; “Agronomic and Enviromental Implications of Organic Farming Systems” in Advances in Agronomy, Vol 70 (2001), págs 261-327


Visscher M.; “Myths about Industrial Agriculture” in ODE Magazine, vol 4


“A Revolução da Agricultura Verde – a Agricultura Biológica em Portugal e no Mundo” in Ozono – Revista de Ecologia, Sociedade e Conservação da Natureza, Número 1, Outubro de 2000, págs 40-43 


19 de julho de 2011

A rotação de culturas

A rotação de culturas é um método utilizado na agricultura desde os seus primórdios. Os agricultores observaram que o cultivo continuado das mesmas culturas nos mesmos locais, favorecia a disseminação de pragas e pestes e reduzia a fertilidade do solo.


Assim, a solução passou por se passar a cultivar uma espécie de verão, outra de Inverno, e deixar o terreno em pousio durante uma estação de cultivo para recuperar. Este sistema de triénio foi utilizado na Europa até ao final do Séc. XVI. No entanto, a partir desta época foi modificado para um ciclo de quatro anos por agricultores na Bélgica, onde o trigo, tulipas, cevada e trevo produziam um sistema sustentável para alimentar pessoas e animais. O trevo não só servia de alimento a animais, como também fixava o Azoto no solo, fertilizando-o.

Nas hortas modernas, o processo de fertilização e gestão dos nutrientes do solo é conseguido se plantarmos raízes (batatas, nabos, cenouras,etc.), aliáceas, leguminosas e legumes.

As raízes arejam o solo. As aliáceas têm uma acção anti-bacteriana no solo deixando-o “limpo”. As leguminosas fixam o azoto no solo deixando-o mais rico. Por último, os legumes e frutos, sedentos de azoto, beneficiam dos mimos que lhe foram deixados pelos seus antecessores e fornecem-nos maravilhosos vegetais.

No entanto, e antes que tome estas regras como a “Lei da Horta”, lembre-se que a agricultura não é uma ciência exacta e que existem diversos caminhos para se chegar à meta. Por exemplo, não é possível utilizar em simultâneo o sistema de Rotação de Culturas com o sistema de Consociação de Culturas, em que plantas companheiras podem ser cultivadas juntas e plantas antagónicas devem ser cultivadas em lugares afastados. Podemos cultivar em linhas alternadas cenouras e cebolas, o que afastará a mosca da cenoura.

Também não é compatível com a rotação, a alternância entre legumes de crescimento lento e legumes de crescimento rápido, em que se pretende cultivar todo e qualquer espaço disponível, produzindo bastante alimento em espaços reduzidos.

Para estes sistemas de cultivo em que não há rotação de culturas, a fertilidade poderá ser reposta no solo através da colocação de composto ou enterrando adubos verdes.

4 de julho de 2011

NA HORTA COM AS CRIANÇAS


Cultivar uma Horta é uma experiência educativa para as crianças.
Quando cativamos as crianças para criar uma horta, damos-lhes a oportunidade de aprender a gostar de alternativas aos snacks de pacote: a gostar de vegetais.
É compensador observar as crianças a sujarem-se com terra, a empenharem-se no cultivo e no sucesso das suas culturas, e no valor que dão à colheita dos frutos, recompensa do seu trabalho na horta.

PLANTE VEGETAIS DE CRESCIMENTO RÁPIDO
Seleccione sementes que rebentem e cresçam rapidamente. Rabanetes, alfaces e feijões são uma boa escolha, até porque são fáceis de manter. Use copos de iogurte ou pacotes de leite cortados e perfurados para fazer a sementeira, e estará a ensinar também a reciclar. Deixe as crianças decorarem estes recipientes ao seu gosto e a pintarem nome dos vegetais que lá vão semear.
Dê a cada criança algumas sementes, ensine-a a semear, e atribua-lhe a responsabilidade de regar e cuidar daquela planta em especial.

PLANTE VEGETAIS DE CRESCIMENTO LENTO
Plante também em recipientes alguns vegetais de crescimento lento: isto irá mostrar às crianças que nem todos as plantas têm o mesmo ritmo, e aumentará a sua experiência! Por outro lado, servirá para comparar com os vegetais de crescimento rápido.

LIÇÕES DA HORTA
Elabore um gráfico onde seja fácil ver os tempos de crescimento de cada vegetal cultivado: anote a data da sementeira, de plantação e da colheita.

Desenhe ou imprima folhas para cada vegetal, com o seu nome comum, o nome botânico, e uma imagem grande para colorir. Estes desenhos poderão enfeitar a horta!

Tire fotografias da semente, da semente germinada, da planta, e de várias fases do seu crescimento até à colheita, e faça um pequeno álbum ou colagem onde mostre esta sequência.

Colha, coma e partilhe
A altura da colheita é a recompensa pelo trabalho árduo executado na horta: a recompensa final que as crianças tanto anseiam. Ensine as crianças a colher os frutos sem estragar a planta e planeiem juntos uma refeição onde possam desfrutar da colheita (uma salada ou snack, é uma boa ideia)!

Prepare pequenos cestos com amostras do que colheram e ofereçam aos vizinhos, amigos e família!